Em iniciativa inédita no SUS-BH, Hospital Célio de Castro vai inaugurar 10 leitos de saúde mental

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O Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) inaugura em junho 10 leitos de saúde mental em mais uma iniciativa inovadora da Política de Saúde Mental de Belo Horizonte e inédita na Rede SUS-BH. “Na perspectiva da integralidade, o nosso objetivo é promover a continuidade do cuidado oferecido nos Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAMs) de Belo Horizonte para pacientes com sofrimento mental e com problemas clínicos associados” afirma a diretora Assistencial, de Ensino de Pesquisa do HMDCC, Yara Ribeiro.

A diretora executiva do HMDCC, Maria do Carmo, explica que o atendimento será exclusivamente para casos cuja resolução exigir aparato tecnológico e outros especialistas não existentes nos CERSAMs.  “São casos como intoxicações e manifestações graves de abstinência por uso de álcool e outras drogas, ou ainda por serem portadores de outras patologias clínicas ou cirúrgicas associadas ao sofrimento mental que exigem intervenção em um hospital geral”, exemplifica.

“A nossa proposta é que todo o Hospital saiba fazer o acolhimento ao paciente com sofrimento mental ou com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Para isso, faremos uma capacitação em saúde mental dos nossos profissionais para ampliar o olhar da equipe, desestigmatizar a percepção sobre esses pacientes e melhorar a qualidade da atenção”, explica a Yara Ribeiro.

Psiquiatria de consultoria e ligação
Para isso, o Hospital Célio de Castro já conta com profissionais da área da saúde para compor a equipe multidisciplinar para a atenção a esses pacientes.  Contratou também a médica psiquiatra Christiane Ribeiro que desempenhará a função de psiquiatra de consultoria e ligação. O termo Consultation-Liasion Psychiatry criado por Eduard G. Billings na França há mais de 70 anos expressa que o objetivo principal do trabalho do psiquiatra no hospital geral é o de melhorar a qualidade da atenção ao paciente e auxiliar na provisão dos cuidados a todos os aspectos envolvidos na situação de estar doente e hospitalizado.

“Nesse modelo, o psiquiatra não entra na equipe de profissionais como assistência propriamente dita, mas para aconselhar esses profissionais sobre a conduta que deve ser adotada com pacientes com transtornos psiquiátricos”, explica Christiane Ribeiro. Dessa forma, trata-se de um modelo descentralizado em que o princípio é orientar a equipe nas condutas psiquiátricas o que, a longo prazo, significa ter um corpo clínico qualificado para o atendimento ao paciente com sofrimento mental.

Implantação
A médica Christiane Ribeiro já iniciou em maio na função de psiquiatra de consultoria e ligação atuando com pacientes que já estavam internados no Hospital Célio de Castro e que apresentam sofrimento mental ou situação de abstinência. Nessa primeira fase para a implantação dos 10 leitos de saúde mental em enfermaria geral, a equipe composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social e fisioterapeuta já começou a ser capacitada para o manejo desse perfil de pacientes.

 A segunda fase é a abertura dos dez leitos de saúde mental em junho. Para esse trabalho, o HMDCC contará também com dois residentes em psiquiatria do Hospital Metropolitano Odilon Behrens.

Pacientes regulados
O acesso dos pacientes aos leitos de saúde mental do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro será regulado pela Coordenação Municipal de Saúde Mental e pela Central de Internação da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA-BH) dentro da lógica de referência e contrarreferência. Ou seja, através da troca de informações entre os diferentes níveis de atenção (CERSAM, Hospital e Centro de Saúde) permite-se a criação de um ambiente favorável à abordagem do paciente como um todo.

RAPS
A iniciativa é uma parceria do Hospital Célio de Castro com a Coordenação Municipal de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA-BH) e atende à política de Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Ministério da Saúde, instituída pela Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 que que inclui como pontos de atenção da RAPS os Serviço Hospitalar de Referência para a atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas.  A iniciativa segue a lógica antimanicomial e a construção de ações coletivas e intersetoriais que valorizem o cuidado em liberdade, busca a conquista da cidadania e a reinserção social.

A RAPS habilita Hospitais Gerais, Maternidades e Hospitais de Pediatria para oferta de leitos de saúde mental. O principal objetivo deste ponto de atenção é oferecer cuidado hospitalar para pessoas com transtornos mentais e/ou com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas para avaliação diagnóstica e o manejo de situações de crise e/ou vulnerabilidade extrema que apresentem risco de vida para o usuário.

A política prevê que o acesso deve ser regulado a partir de critérios clínicos e as internações devem ser de curta duração, priorizando a superação da lógica asilar realizada pelos Hospitais Psiquiátricos.