Unidade de AVC do Hospital Dr. Célio de Castro acaba com a fila de urgência para atendimento especializado e amplia acesso a trombólise

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Elza Moreira Santos, 76 anos (Fotos: Álvaro Miranda)

Três horas e doze minutos foi o intervalo entre os primeiros sintomas de um acidente vascular cerebral (AVC) sentidos pela aposentada Elza Moreira Santos, 76 anos, e a chegada dela ao Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC). Já dentro da unidade de saúde, foram sete minutos entre a tomografia que confirmou o diagnóstico e a trombólise – medicamento venoso utilizado para dissolver os trombos (coágulo) na artéria acometida com o objetivo de desobstruir o caminho e levar novamente o sangue ao cérebro. “Às 8h40 do dia 19 de novembro Dona Elza sentiu os primeiros sintomas do AVC. Às 11h52min estava sendo trombolisada no Hospital”, relata a doutora em neurociências pela UFMG e fonoaudióloga da equipe multiprofissional do Hospital, Aline Mansueto Mourão.


A fonoaudióloga Aline ganha beijo de Elza em agradecimento

Em casos de AVC, popularmente conhecido como derrame, a eficiência do tratamento está diretamente relacionada ao tempo entre o aparecimento dos primeiros sinais e o atendimento médico. A janela terapêutica da trombólise (tempo entre o AVC e a injeção do medicamento trombolítico) é de apenas quatro horas e trinta minutos. Além disso, de acordo com a médica neurologista e referência técnica da Unidade de AVC do HMDCC, Barbara Arduini, a reabilitação precisa ser iniciada nas primeiras 72 horas após o aparecimento dos sintomas. “Assim alcançamos um bom desfecho nos primeiros três meses após o AVC”, explica. Portanto, rapidez e qualidade no atendimento são fundamentais para um bom prognóstico.

Desde a sua inauguração com 15 leitos, em agosto de 2017, a Unidade de AVC do Hospital Célio de Castro, que atingiu seu funcionamento 100% (35 leitos) em dezembro do ano passado, tem desempenhado importante papel na Rede SUS-BH. “Hoje, nenhum paciente da Rede SUS-BH com sintomas de AVC precisa esperar por atendimento especializado e propedêutica, que são os exames realizados para fazer o diagnóstico etiológico do AVC e saber a causa”, afirma Barbara Arduini.

De acordo com a Central de Internações da Secretaria Municipal de Saúde de BH, com o funcionamento da Unidade de AVC do Hospital Célio de Castro, ampliou-se o acesso à trombólise dentro da janela terapêutica e não existe mais fila de urgência para atendimento especializado nesses casos.

Juntamente com o Hospital Metropolitano Odilon Behrens, o Hospital Risoleta Tolentino Neves e o Hospital das Clínicas da UFMG, o Hospital Célio de Castro é referência no atendimento ao AVC. Com capacidade média de atendimento de 90 pacientes ao mês e média de internação que varia de sete a 15 dias, a expectativa é de que mais de 1000 usuários do SUS recebam cuidados especializados até o final deste ano.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a causa mais frequente de óbito na população adulta brasileira e é também, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a primeira causa de incapacidade no mundo. O Brasil apresenta a quarta taxa de mortalidade por AVC entre os países da América Latina e Caribe.


Elza e a neurologista Daniele Gherard

O neurologista Álvaro Costa com a paciente Elza

Atendimento qualificado
Habilitada pelo Ministério da Saúde como Tipo III, a Unidade de AVC do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro oferece atendimento integral, com equipe qualificada, tecnologia de exames e protocolos que englobam todo o cuidado ao paciente com AVC.

O reconhecimento da qualidade da assistência prestada pela equipe multiprofissional e os serviços de excelência oferecidos no Hospital vem como consequência natural do trabalhado desempenhado. “Aqui não importa se é branco, preto, pobre, rico, homem ou mulher, todos são tratados por igual. Nem se eu estivesse pagando receberia um atendimento como o que eu tive aqui”, relata Dona Elza.

A neurologista Barbara Arduini conta que Elza Moreira dos Santos chegou à unidade de saúde com déficits de hemiparesia e afasia. Ou seja, com o lado direito do corpo paralisado e alterações significativas na linguagem com fala embolada e confusa. “Ela sai daqui caminhando, conversando muito bem, totalmente recuperada”, afirma.

A alta ocorreu em 26 de novembro e foi resultado da medicação (trombólise) e do início do trabalho de reabilitação que envolveu, no caso de Dona Elza, a fonoaudiologia e a fisioterapia, além da equipe médica e de enfermagem. Viúva, mãe de 4 filhos e moradora do Centro de BH, a paciente conta que achou que ia morrer. “O povo todo aqui é muito bom, da limpeza aos médicos. Estou com dó de ir embora do tanto que gostei desse hospital”, elogia Dona Elza.

Essa não foi a primeira passagem da aposentada pelo Hospital Célio de Castro. Depois de um tombo quando saiu de casa para comprar peixe no Bairro Bonfim, região Noroeste de BH, em fevereiro de 2017, foi internada no Hospital Odilon Behrens e, na sequência, encaminhada para o Hospital do Barreiro para fazer tomografia. “Isso aqui é igual hotel cinco estrelas, eu sei o que é coisa boa”, brinca.

Mensalmente, o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro aplica uma Pesquisa de Satisfação com 125 pessoas, entre pacientes e acompanhantes, que avaliam a qualidade dos serviços assistenciais. Ao serem indagadas se recomendariam o Hospital, 99% das pessoas entrevistadas em setembro de 2018, afirmaram que sim.

Dona Elza faz coro à estatística e promete que voltará ao Hospital para presentar a todos que cuidaram dela. “Faço questão de trazer uma lembrancinha para as pessoas que entraram no meu coração”, diz. Agora, recuperada 100%, alimenta outras expectativas. “Está chegando o Natal, já tá na hora de colocar meus vestidos bonitos”, planeja.