Paciente desenha trabalhadores do HMDCC: “É a minha forma de retribuir o carinho que tenho recebido aqui”

Publicado em

Cristiano Ribeiro Coelho, 78 anos, paciente do HMDCC

“Você pode me ajudar na minha autoterapia?”. Foi com essa pergunta que o paciente Cristiano Ribeiro Coelho, 78 anos, abordou duas trabalhadoras do HMDCC, ganhou algumas dezenas de papeis para desenhar e iniciou o que brinca ser seu ateliê no leito 504 do 5º andar.

O artista plástico que está internado no HMDCC desde 03 de setembro teve uma carreira de sucesso como desenhista: trabalhou por 30 anos no Jornal Estado de Minas e foi um dos professores do projeto Guernica, nascido em 2000 e idealizado pela Prefeitura de Belo Horizonte na época em que o Dr. Célio de Castro era o prefeito da capital mineira.  “Esse Hospital é uma maravilha e faz uma justa homenagem a uma pessoa que eu amei, o Célio de Castro”, afirma.

O Guernica, nome de um famoso quadro de Pablo Picasso, tinha como proposta uma nova abordagem para a pichação e o grafite na cidade considerando as questões do patrimônio, urbanismo e história e o fato de que tanto a pichação quanto o grafite são uma forma de escrita necessária aos jovens. A partir dessas premissas, ofereceu à juventude uma passagem pela história da arte ampliando os recursos técnicos e conceituais de cada um.

Cristiano Ribeiro Coelho era professor na Regional Oeste, das comunidades Cabana Pai Tomaz e Morro das Pedras e também no Bairro Betânia, no Barreiro. Segundo conta, entre os seus alunos famosos e com carreira internacional está o grafiteiro André Gonzada Dalata, artista com passagens por Amsterdam, Berlim, Senegal e Califórnia.


Amanda Ferreira, terapeuta ocupacional, e Valéria Mendes, assessora de comunicação, sob o olhar do paciente Cristiano Ribeiro Coelho

O paciente diz que já “perdeu as contas” de quantos desenhos fez no seu período de internação no HMDCC e tem encantado as pessoas que aceitam posar para ele. Uma das contempladas foi a terapeuta ocupacional Amanda Ferreira. “Como T.O., que aposta no uso das atividades para minimizar os impactos físicos e emocionais da hospitalização, é incrível ver a arte possibilitando a esse paciente uma vivência mais leve desse momento, promovendo interação com a equipe e o resgate da sua autoestima. E me ver transformada em arte pelos olhos e mãos dele, foi uma recompensa maravilhosa!”, relata.

“O desenho é a maneira que tenho de retribuir o carinho que tenho recebido aqui”, resume Cristiano Ribeiro Coelho.